. Nota da P&D Factor sobre o Dia Mundial da População (11 de Julho) - A Juventude na construção e nos compromissos da agenda do Pós-2015

A P&D Factor – Associação para a Cooperação sobre População e Desenvolvimento, vem, no dia Mundial da População, recordar as pessoas que, pelas mais variadas razões, foram ficando para trás e que, de alguma forma, o processo de construção da Agenda Pós-2015, sucessora dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, vem resgatar e colocar na Agenda de Desenvolvimento, agora tanto dos países em desenvolvimento como dos desenvolvidos.

Entre essas pessoas encontram-se os jovens e as jovens, a quem o Secretário-geral das Nações Unidas e o UNFPA dedicaram, este ano, o Dia Mundial da População. Existem, actualmente, cerca de 1.8 mil milhões de jovens entre os 10 e os 24 anos de idade, a geração jovem mais representativa de sempre; cerca de 90% reside em países em desenvolvimento onde são o maior grupo populacional; mais de 500 milhões de jovens entre os 15 e os 24 anos de idade vivem com menos de $2 por dia; os/as jovens entre os 15 e os 24 anos de idade têm 3X mais probabilidade de ficarem desempregados/as do que os segmentos mais velhos da população, sendo que a taxa de desemprego jovem ultrapassa os 50% em alguns países; os/as jovens estão sub-representados/as e excluídos/as dos processos de decisão, com menos de 2% de parlamentares a nível mundial na faixa etária dos 20 anos e apenas 12% na dos 30.

Entre a juventude, as raparigas encontram-se em situação de vulnerabilidade acrescida apenas pelo facto de serem do sexo feminino, agravada quando são também migrantes: nos países em desenvolvimento 1 em cada 3 raparigas casa-se antes de completar os 18 anos de idade e, por todo o mundo, metade dos casos de violência sexual é perpetrada em raparigas com menos de 16 anos de idade.

As práticas nefastas, como a mutilação genital feminina ou os casamentos infantis/precoces/forçados, são escudadas em normas sociais e tradições onde a mulher desempenha um papel de subalternidade sem reconhecimento do seu estatuto e cidadania, com ausência de capacidade para recusar essas mesmas práticas e todas as demais formas de violência e discriminação.

Rapazes e raparigas representam, assim, um enorme potencial de mudança, na construção de um mundo mais justo, solidário e igualitário tanto em direitos como em oportunidades, sendo necessário para tal um claro investimento e inequívoco compromisso político e social em áreas como a saúde, incluindo a saúde sexual e reprodutiva, a educação, a formação ou emprego, dando-lhes voz e fazendo-os/as protagonistas dos processos de decisão que os/as vão afectar a curto, médio e longo prazo, ao longo do seu ciclo de vida.

A P&D Factor lembra que todas as pessoas são precisas para a construção global de sociedades inclusivas, onde os direitos fundamentais de saúde e igualdade sejam respeitados e promovidos em coerência, sem esquecer ninguém.

Graça Campinos Poças
Presidente P&D Factor

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