. Clementina Furtado, Directora do CIGEF – Repensar a educação de meninas e rapazes, proporcionar oportunidades iguais para tod@s

Clementina Furtado

A Violência baseada no Género assume diferentes formas: violência doméstica (nas suas várias formas- física, psicológica ou patrimonial), violência e abuso sexual e emocional, violência no namoro e relações de intimidade, assédio e violência no local de trabalho, práticas nefastas (como os casamentos infantis, precoces e forçados ou combinados, a mutilação genital feminina, tabús alimentares, …), o tráfico de seres humanos mas também as formas que têm sido potencializadas pelas novas tecnologias e redes sociais como: Sextortion (chantagem sexual online), Grooming (aliciamento de menores através da Internet, com o intuito de obter benefícios sexuais) mas também a partilha não consentida de conteúdos íntimos. A academia tem, também aqui, um papel importante a desempenhar na formação, na investigação e nas construção de pensamento e ação transformadora.

Entrevista a Clementina Furtado, Professora e Diretora do CIGEF (Centro de Investigação e Formação em Género e Família), Universidade de Cabo Verde

pop_dot Clementina Furtado, Directora do CIGEF – Repensar a educação de meninas e rapazes, proporcionar oportunidades iguais para tod@sP&D Factor - Apesar da legislação e do trabalho de diferentes entidades oficiais e organizações da sociedade civil, em seu entender qual a razão para os dados preocupantes da VBG em Cabo Verde?

Clementina Furtado: A meu ver isso tem a ver com a forma como a sociedade distribui o papel de homens e mulheres. Além disso, os trabalhos podem não estar a chegar a todos os lugares e todas as pessoas, por um lado e, por outro, talvez as estratégias precisam ser revistas e melhoradas.

pop_dot Clementina Furtado, Directora do CIGEF – Repensar a educação de meninas e rapazes, proporcionar oportunidades iguais para tod@sP&D Factor - No trabalho do Projecto Pilon Di Mudjer e através da formação e sensibilização, foram já identificadas diferentes formas de VBG com um destaque para a Violência Sexual mas também a Violência Doméstica e em contexto familiar. Em sua opinião o que precisamos de fazer?

Clementina Furtado: Aposta contínua na educação. Ações de sensibilização e formação, com metodologia adequada a diferentes públicos-alvo. A aposta na prevenção é a chave para obter melhores resultados.

pop_dot Clementina Furtado, Directora do CIGEF – Repensar a educação de meninas e rapazes, proporcionar oportunidades iguais para tod@sP&D Factor - Se dependesse, exclusivamente, de si quais as medidas que tomaria para reforçar a prevenção na violência com base no género?

Clementina Furtado: Basicamente já respondi anteriormente. Repensar a educação de meninas e rapazes, proporcionar oportunidades iguais para tod@s, independente da área geográfica, do sexo e qualquer origem (étnica, religiosa, etc.). Trabalhar em rede, sem disputas por protagonismos.

pop_dot Clementina Furtado, Directora do CIGEF – Repensar a educação de meninas e rapazes, proporcionar oportunidades iguais para tod@sP&D Factor: As pessoas LGBT+ e as pessoas em prostituição são alvo de diferentes formas de VBG. Em sua opinião o que é necessário fazer para enfrentar e prevenir esta realidade?

Clementina Furtado: O caminho é o mesmo. Trabalhar na promoção da igualdade de género e da não discriminação com base no sexo, na orientação e na identidade de género, situação laboral, etc; respeito e tolerância para com os nossos pares.

Pessoas LGBT+ e pessoas em prostituição, primeiro precisamos conhecer a realidade e depois, com base nisso, tomar medidas concretas. Isso, passa por estudos e pesquisas que validem a nossa opinião sobre o tipo de violências por que passam.

pop_dot Clementina Furtado, Directora do CIGEF – Repensar a educação de meninas e rapazes, proporcionar oportunidades iguais para tod@sP&D Factor: Como vê o futuro da igualdade, entre homens e mulheres, na representação e participação em Cabo Verde?

Clementina Furtado: Depende da participação. Por exemplo, se estamos a falar da representaçao política, os dados mostram que a Lei da paridade era necessária. Contudo, indicam, também, que precisamos rever alguns artigos, para dar o próximo passo. Além disso, se a lei da Paridade não cobre todos os setores políticos, fica comprometida a questão da paridade e da participação em pé de igualdade para certos setores onde ainda as mulheres têm dificuldade em marcar presença, pois, dependem de nomeações e do reconhecimento do seu potencial.

Breve nota biográfica de Clementina Furtado

Clementina Furtado cigef Diretora do Centro de Investigação e Formação em Género e Família (CIGEF) da Universidade de Cabo Verde desde 1 de agosto de 2013. Professora Auxiliar no curso de Licenciatura em Geografia e Ordenamento do Território na Universidade de Cabo Verde.Doutorada em Ciências Políticas e Sociais (Uni-CV/ULB – Universidade de Cabo Verde/Universidade Livre de Bruxelas), com tese “As Migrações da África Ocidental em Cabo Verde: Atitudes e representações”. Mestre em Geografia Humana e Planeamento Regional e Local (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2006). É membro do Conselho Nacional da Imigração da Direção Geral da Imigração, da Comissão de Género e do Comité de Avaliação de Implementação da Lei VBG (Violência Baseada no Género) e ponto focal para as questões do Género junto do Instituto Cabo-Verdiano para Igualdade e Equidade de Género. As atuais áreas de investigação: Migrações na sociedade cabo-verdiana, Género e Desenvolvimento e domínios do Planeamento e Ordenamento do Território.

 

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