Saúde Sexual e Reprodutiva e Direitos

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“Dinheiro investido em serviços de saúde sexual e reprodutiva será reembolsado várias vezes através de poupanças directas em outros serviços sociais e de saúde. Este investimento irá também promover o crescimento económico, a redução da pobreza e a igualdade de género, ajudando a combater a devastação económica e social causada pelo VIH/SIDA. Estes benefícios acrescerão aos ganhos associados a vidas mais saudáveis e com reduzido sofrimento humano, que é dificilmente quantificável.”

Thoraya Ahmed Obaid, ex-Directora Executiva do Fundo das Nações Unidas para a População

O conceito de Direitos e Saúde Sexual e Reprodutiva, cunhado em 1994 na Conferência do Cairo, explorado em 1995 na Conferência de Pequim e desenhado na Carta dos Direitos Sexuais e Reprodutivos da International Planned Parenthood Federation (IPPF) de 1996 refere-se a um estado de bem-estar completo a nível físico, mental e social (não somente a ausência de doença) no que diz respeito à vida sexual e reprodutiva. A saúde reprodutiva aparece, assim, com a implicação de que todas as pessoas têm o direito a uma vida sexual satisfatória, a par e passo com a possibilidade de decidir de forma livre constituir ou não família, o espaçamento e o momento das gravidezes, estar livre de todas as formas de discriminação e violência com base no género, acesso a métodos de contracepção modernos, a cuidados de saúde materna e planeamento familiar essencial para a redução dos casos de IVG (interrupção voluntária da gravidez), mas também a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis e acesso ao aborto em condições de legalidade e segurança. Inclui-se, assim, na ideia de saúde e direitos sexuais e reprodutivos o direito à informação e ao acesso a métodos de planeamento familiar da sua escolha de forma eficiente e acessível. A esta definição associam-se direitos associados, como o direito à integridade física, à escolha em contracepção, ao respeito da identidade sexual ou à educação sexual holística, entre outros.

A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD) de 1994 e as seguintes trouxeram consigo, entre outras coisas, a aceitação de um paradigma onde as necessidades dos indivíduos e o seu empoderamento teriam de passar por um estreitamento da ligação entre saúde e direitos humanos, procurando eliminar a constante instrumentalização das mulheres, que até lá viam políticas demográficas marcadas nos seus próprios corpos. Outro traço marcante destas conferências foi o facto de se reconhecer, por fim, o facto de a saúde das mulheres, principalmente a saúde sexual e reprodutiva, se encontrava também sujeita às marcadas desigualdades de género, dificultando ou impossibilitando o acesso a cuidados de saúde e à educação sexual holística, entre outros. Um inovador paradigma que se mantém actual com os debates e desafios sobre Natalidade, Fertilidade, Igualdade, Direitos Humanos e Sustentabilidade.

Apesar das diferenças regionais e entre países, a procura de planeamento familiar continua a aumentar, e muitas mulheres e famílias continuam a ter mais filhos do que os que desejavam. A redução de nascimentos não planeados e a dimensão da família têm impacto positivo nos encargos financeiros do sector público não só a nível de saúde mas também de água, saneamento e serviços sociais vários. Neste sentido, a realização dos direitos humanos das mulheres tem um efeito positivo a nível da realização de metas de desenvolvimento a nível local, nacional e global. A nível dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, onde as metas referentes à saúde se encontram mais longe do expectado, um real investimento em saúde sexual e reprodutiva teria implicações transversais, potenciando a quebra de ciclos de pobreza, garantindo reais oportunidades às mulheres, incluindo as raparigas, aos jovens em geral e às famílias, em áreas económicas várias, aumentanto os níveis de escolarização e reduzindo os níveis de mortalidade e morbilidade infantil, eliminando práticas nefastas e aumentando as oportunidades de inclusão social para jovens e mulheres em situação de vulnerabilidade.

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MiniaturaSaiba como tem sido o investimento da Cooperação Portuguesa em matéria Ajuda Pública ao Desenvolvimento nas temáticas de População & Desenvolvimento e Saúde Sexual &Reprodutiva, entre outras áreas. Conheça prioridades, parcerias, projectos e contributos da Cooperação Oficial e Sociedade Civil Portuguesa para o Desenvolvimento. Leia o relatório em anexo.

Adolescent-SRHS-Need-Developing-Countries"Rapazes e raparigas têm o direito de tomar decisões informadas sobre as suas vidas mas, para tornar esse direito em realidade, são necessários, com caracter de urgência, serviços de saúde sexual e reprodutiva de alta qualidade", diz Susheela Singh, vice-presidente do Instituto Guttmacher e um co-autora do relatório Adolescent Women’s Need for and Use of Sexual and Reproductive Health Services in Developing Countries. Este documento analisa os indicadores de saúde sexual e reprodutiva de jovens mulheres entre os 15 e os19 anos. "Nós podemos fornecer muito melhor cuidado e educação, ouvindo adolescentes e trabalhando para superar as barreiras sociais, jurídicas e práticas que enfrentam.".

HealthWorkerRole SafeAbortionCare PostabortionContraception July15 ImagemCapaA Organização Mundial de Saúde (OMS) apresenta novo guia para profissionais de saúde “O papel de profissionais de saúde nos cuidados de aborto seguro e contracepção pós-aborto”. Embora com intervenções simples e eficazes baseadas em provas cientificas seguras todos os anos quase 22 milhões abortos-inseguros continuam a contribuir significativamente para os valores globais de mortalidade e morbidade materna. A OMS apresenta o seu mais recente guia: envolver além de médicos/as especialistas uma maior diversidade de profissionais de saúde é cada vez mais uma estratégia importante de saúde pública; planear, regulamentar, substituir e partilhar tarefas pode garantir uma otimização racional da força de trabalho disponível em saúde, face à escassez de profissionais especialistas que enfrentam os sistema de saúde; melhorar a equidade no acesso aos cuidados de saúde e aumentar a aceitação e adesão de utentes aos serviços de saúde.

Logo PpDM PlataformaParaDireitosMulheres 100x150A Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres (PpDM) divulga a sua tomada de posição tendo em vista a discussão que terá lugar no Parlamento em reunião plenária na próxima sexta-feira, 3 de Julho, da Iniciativa Legislativa de Cidadãs/ãos denominada Lei de apoio à maternidade e paternidade, do direito a nascer, e promovida pela Plataforma pelo Direito a Nascer.

Sexual health, human rights and the lawA saúde sexual hoje é amplamente entendida como um estado de bem-estar físico, emocional, mental e social em relação à sexualidade. Não engloba apenas determinados aspectos da saúde reprodutiva, mas também, a possibilidade de ter uma vida sexual agradável e segura, livre de coerção, discriminação e violência. A realização do mais alto padrão atingível da saúde sexual está, estreitamente ligada ao respeito, protecção e realização dos direitos humanos das pessoas - tal como o direito à não discriminação, à privacidade e confidencialidade, para ser livre de violência e coacção, bem como os direitos à educação, informação e de acesso aos serviços de saúde.

"Eleanor Roosevelt once said universal human rights begin in the small places close to home — and there’s no area closer to home than a person’s sexual and reproductive health."