Tiago Landreiras - O jovem feminista
- Data de publicação 15 abril 2015
São cada vez mais os homens que fazem da igualdade de género uma causa e que se assumem como feministas. Tiago Landreiras*, estudante de Direito, é um deles. Sem preconceitos, luta pela igualdade de direitos e de oportunidades entre homens e mulheres e apela a outros fazerem o mesmo. Ele próprio explica porquê.
Ao longo dos tempos, por razões históricas e culturais, as mulheres têm lutado heroicamente pelos seus direitos, luta essa que tem conhecido avanços significativos, ainda que de uma forma lenta e desigual.
Lamentavelmente em pleno século XXI, a igualdade de direitos e de oportunidades entre homens e mulheres existe apenas no plano teórico, não passando de uma mera utopia.
A comunidade internacional reconhece que nenhum Estado alcançou plenamente a igualdade e o empoderamento das mulheres e raparigas.
E porque esta realidade só poderá ser alterada se remarmos todos e todas na mesma direcção, torna-se imperioso que as mulheres, e de um modo especial os homens, despertem e ganhem consciência da importância que a igualdade assume na sociedade.
Ao contrário do que muitos possam pensar, a luta pela igualdade não diz respeito unicamente às mulheres e desenganem-se aqueles que acham que a desigualdade os favorece.
Pelo contrário! A desigualdade corresponde, por um lado, à negação de um princípio fundamental da democracia e da sociedade e à violação dos direitos humanos, direitos esses que são universais, indivisíveis e inalienáveis.
Por outro, a desigualdade potencia a discriminação, a opressão e a violência de que muitas pessoas, na esmagadora maioria mulheres, são vítimas em todo o mundo.
A propósito: sabem que 1 em cada 3 mulheres relata que já foi vítima de uma das várias formas de violência? E que entre cem e 140 milhões de meninas, raparigas e mulheres foram submetidas a mutilação genital feminina? E sabem ainda que 39 mil crianças se casam todos os dias? E que são 57 milhões as crianças privadas do acesso à educação e à escola?
Os homens devem ser parte activa nesta luta que diz respeita a todas as pessoas e para isso têm de sair da sua zona de conforto, uma vez que sempre foram privilegiados em detrimento das mulheres e nunca se viram confrontados perante a necessidade de lutar por aquilo a que se tem direito por natureza e que é negado só pelo simples facto de ser mulher.
Eu pergunto: se aos homens fossem negados ou mesmo violados direitos fundamentais, como infeliz e recorrentemente acontece com as mulheres, manteriam a mesma postura?
Felizmente são cada vez mais os homens que fazem da igualdade de género uma causa a que se dedicam de corpo e alma e que se assumem publicamente, sem medos e sem receios, como feministas. Felizmente são cada vez mais os homens que sabem que ser feminista é ser pró-ativo na defesa da igualdade de direitos e de oportunidades entre homens e mulheres.
Na Turquia, homens vestidos com saias saíram à rua pelo fim da violência contra as mulheres. No Afeganistão, homens com burcas manifestaram-se pelos direitos das mulheres. Em Portugal, cem homens sem preconceitos aceitaram o desafio de usarem saltos altos pela igualdade de género.
Estes são apenas alguns dos muitos exemplos de dedicação a esta causa, um pouco por todo o mundo.
E esperemos que sejam cada vez mais os homens que se juntam a esta luta, aproveitando o impacto da campanha He For She, uma iniciativa da ONU Mulheres que tem como grande objectivo a criação de um movimento de solidariedade e de mobilização dos homens de todo o mundo em prol da igualdade de género.
Está mais do que na hora de aceitarmos este repto e de perguntarmos a nós próprios tal como fez a actriz Emma Watson:
«Se não eu, quem?»
«Se não agora, quando?»
É que se nada for feito, ao ritmo actual, a igualdade salarial só será uma realidade em 2086; a paridade nas empresas só ocorrerá em 2095 e a repartição igualitária nas tarefas domésticas só terá lugar em2054.
E porque já esperamos demasiado tempo, não podemos esperar mais!
Edição de Célia Rosa
Quem é Tiago Landreiras? |
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Tiago Landreiras, estudante de Direito na Universidade Católica do Porto, é um fervoroso ativista de direitos humanos empenhado na prevenção e no combate à violência contra as mulheres. É feminista assumido e no futuro pensa vir a ser advogado. Para trabalhar com vítimas. Porque os direitos humanos das mulheres precisam de ser protegidos e realizados. |