Entrevista

. “A violência doméstica está associada ao desvalor da mulher”

Maria de Belém Roseira

Foi a primeira pessoa a exercer o cargo de ministra para a Igualdade e sabe bem como é ser-se discriminada por causa do género. Maria de Belém Roseira está na corrida para a Presidência da República, mas não esquece o tempo em que, já licenciada em Direito, não podia seguir carreira na magistratura e na diplomacia só por ser mulher. E também não esquece os dissabores que viveu, vive, na política, também por ser mulher. Não esquece, porque “há conquistas e direitos que têm que ser permanentemente defendidos”.

. “Não diga à sua filha como vestir-se, diga ao seu filho como comportar-se”

katja iversen

Quando se investe nas meninas, o mundo ganhará mulheres saudáveis, instruídas, produtivas e competitivas. Todos ganham: as raparigas e as mulheres, a sua família, a sua comunidade e a economia do seu país. É esta equação simples que Katja Iversen, CEO da organização norte-americana Women Deliver, tenta ‘ensinar’ aos países que têm cortado o investimento em áreas tão vitais como a saúde sexual, reprodutiva e materna das raparigas e mulheres. Porque elas não são um fardo, são uma força de trabalho.

. “Milhares de meninas não podem ir à escola por falta de água e casas de banho”

catarina albuquerque

São direitos humanos, universais, consagrados, mas milhões de pessoas não têm acesso a eles. E as consequências são gravíssimas, sobretudo para as mulheres e raparigas. São elas que têm que ir buscar água ao poço ou ao rio que fica longe de casa, roubando-lhes tempo para trabalhar ou ir à escola. Catarina de Albuquerque , antiga relatora das Nações Unidas e atual diretora executiva da pareceria Saneamento e Água Para Todos, da ONU, conhece bem esta realidade e assegura que o problema existe, não por escassez de recursos, mas por falta de sensibilidade política para um tema “pouco sexy”.

. “O género é uma construção social”

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Foi na literatura, na infância, que Gabriela Moita percebeu que o mundo era desigual para homens e para mulheres e assim que se tornou mulher feita tomou as questões relacionadas com a discriminação de género, a construção da identidade e a orientação sexual como temas predominantes do seu estudo e trajetória profissional. Esta psicóloga e terapeuta sexual acredita que o grande movimento de libertação do ser humano ainda está para vir.

. “As uniões precoces deviam ser criminalizadas”

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Eleita há dois anos coordenadora do Secretariado Internacional da Marcha Mundial Feminista, Graça Samo encabeça uma luta hercúlea em Moçambique, seu País, para acabar com os casamentos precoces e forçados, responsáveis por muitos casos de fístula obstétrica e pela alta taxa de gravidez na adolescência, a elevada mortalidade materna por causas relacionadas com a gravidez, parto e pós parto, e a exploração da força de trabalho das mulheres. A ativista acredita que, marchando pelo mundo, fazendo-se ouvir, as mulheres e as meninas moçambicanas vão conseguir vencer todas estas batalhas.

. “A nova lei da IVG é inconstitucional”

Maria do Céu da Cunha Rego

Defensora de uma mudança profunda e revolucionária da organização social, a ex-secretária de Estado para a Igualdade em governo de António Guterres diz, sem papas na língua, que com a aprovação das alterações à Lei da IVG, no dia 22 de Julho, “a mulher foi reconduzida à situação de incubadora”. E enquanto não se acabar com o preconceito que vê “o homem como ser absoluto e a mulher como criadora de filhos”, Maria do Céu da Cunha Rego admite que será difícil haver igualdade de género.

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