Catarina Furtado em Timor Leste: uma missão pela saúde e direitos das mulheres
- Data de publicação 21 setembro 2023
Catarina Furtado, Embaixadora de Boa Vontade do UNFPA, em missão em Timor Leste onde teve oportunidade de testemunhar os alguns dos principais desafios que o país enfrenta em matéria de Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos. Além das visitas a diferentes instalações de saúde, Catarina Furtado teve ainda encontros com o sistema das Nações Unidas, organizações da sociedade civil, parceiros de cooperação internacional, membros do governo, parlamentares, profissionais, jovens e com Presidente da República, José Ramos Horta.
Em Timor Leste os dados apontam para as enorme dificuldade e incerteza em alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, nomeadamente em matéria de Saúde (ODS3), Educação (ODS4) e Igualdade (ODS5). Importa reforçar os recursos, a cooperação internacional mas também a vontade política e o reconhecimento do trabalho da sociedade civil.
- 195 mortes maternas por 100.000 nados vivos – uma das mais altas taxas de mortalidade materna do sudeste asiático (a meta dos ODS é até 2030 ser de 70/100.000).
- Apenas 57% dos partos são assistidos por profissionais de saúde qualificados.
- Apenas 35% das mulheres tiveram uma consulta médica nos 2 dias após o parto.
- Por ano 6.000 mulheres grávidas estão em risco de complicações graves que podem pôr em risco a sua vida durante a gravidez, o parto ou no pós-parto imediato.
- Apenas 35,9% das mulheres, entre os 15-49 anos, têm autonomia corporal (podem tomar decisões informadas sobre relações sexuais, uso de métodos contracetivos e cuidados de saúde reprodutiva).
- 25% das mulheres casadas (15-49 anos) não tem acesso ao planeamento familiar.
- 33% das mulheres (1 em cada 3), dos de 15 a 49 anos, são vitimas de violência física desde os 15 anos.
- 40% das mulheres (1 em cada 4) já sofreram violência física, violência psicológica ou sexual por parceiro íntimo.
- VIH em mulheres grávidas aumentou 10 vezes em 5 anos – é hoje de 0,3.
- Apenas 7,7% dos homens jovens e 14,6% das mulheres jovens (15-24 anos) têm conhecimento sobre VIH/SIDA.
- Taxa de gravidez na adolescência (15-19 anos/por 1000 nados-vivos) – 42%o.
- Apenas 17% dos rapazes e 11% das raparigas (15 – 24 anos) têm emprego formal.
- 74% da população tem menos de 35 anos e não há empregos formais suficientes para responder ao grande número de pessoas que todos os dias entram no mercado de trabalho.
No entanto:
- Não existe uma rede de cuidados de emergência obstétrica e neonatal eficaz e de proximidade.
- Insuficiente cobertura de estruturas de saúde materna bem equipadas e profissionais de saúde qualificados.
- Os programas de prevenção e tratamento do VIH/SIDA são insuficientes e com pouca adesão, sendo a transmissão comunitária.
- Discriminação das pessoas que vivem com VIH/SIDA.
- Adolescentes e jovens não estão contemplados nas políticas nacionais de saúde sexual e reprodutiva embora estejamos perante enormes desafios em matéria de gravidez na adolescência, diferentes formas violência de género, incluindo violência sexual e casamentos precoces, entre outras.