Reino Unido: Eleições no Reino Unido: qual o partido que leva a sério o combate à violência contra as mulheres?
A Convenção do Conselho da Europa sobre a prevenção e o combate à violência contra a mulher – a Convenção de Istambul (CI) – foi assinada pelo governo do Reino Unido em Junho de 2012, mas ainda não foi ratificada apesar da garantia da intenção de fazê-lo na Convenção das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Mulheres (CEDAW). Esta Convenção é a Carta Internacional de Direitos das Mulheres da ONU (ratificada pelo Reino Unido em 1986) que reconhece na desigualdade de género a base para a violência contra mulheres e meninas. (…) Porque é claro que aqui no Reino Unido gostamos de pensar que a violência contra mulheres e meninas é um problema de outros países, mas não daqui. O estudo publicado o ano passado pela Lancet realçou que a violência contra as mulheres é uma 'epidemia' global e não faz alusão à isenção ou isolamento do Reino Unido como um farol de segurança no mundo. Para uma democracia ocidental civilizada, os nossos números para a violência contra mulheres e meninas são terríveis. Cerca de 85 mil mulheres são violadas anualmente na Inglaterra e no País de Gales, mais de 400 mil são agredidas sexualmente e as chamadas telefónicas de violência doméstica representam uma grande proporção das chamadas policiais de rotina, à taxa de uma chamada por minuto em todo o Reino Unido. Semanalmente, duas mulheres são mortas pelo parceiro ou ex-parceiro. Estima-se que 20 mil meninas correm o risco de mutilação genital feminina no Reino Unido e que 8 mil meninas britânicas estão ameaçadas pelo casamento forçado. De acordo com o Children's Commissioner (Comissariado das Crianças) 16 mil meninas estão em risco de exploração sexual a todo o momento e um inquérito para o Telegraph em 2015 revelou que um em cada três estudantes do sexo feminino na Grã-Bretanha experimentam alguma forma de agressão sexual ou abuso na universidade. E esta lista continua e continua. (…) Enquanto isto a nível governamental continuamos apenas a roçar os limites deste enorme problema com várias novas iniciativas e políticas, em vez de priorizar e implementar medidas de prevenção, proteção e incriminação já concebidas pela CEDAW e refinadas pela CI. Qualquer partido político que leve a sério o combate à violência contra as mulheres e meninas ratificaria a Convenção de Istambul com urgência. O que o está a impedir?